Nota: Mais uma morte

No último sábado de março recebemos mais uma triste notícia relacionada a Copa do Mundo no Brasil, a morte de outro trabalhador, Fabio Hamilton da Cruz, de 23 anos. Nos solidarizamos com os familiares e amigos, esperando que encontrem o conforto necessário.

Fabio é o oitavo trabalhador morto em acidentes da #CopadasMortes, o terceiro apenas no Itaquerão, estádio da abertura da Copa do Mundo. Apesar da propaganda em contrário, as obras dos estádios para a Copa mantém a cultura da construção civil em desrespeitar a segurança das trabalhadoras e trabalhadores brasileiros. As estatísticas indicam que apenas neste setor mais de uma morte é registrada por dia.

Pratica recorrente e difundida no pais durante os anos da ditadura empresarial-militar, as empresas calculam a rentabilidade de prover treinamento e aparatos de segurança. Se sair mais barato pagar indenizações de acidentes e mortes, não hesitam em rifar a vida alheia. Hoje, 1º de abril, data que marca os 50 anos do golpe, quase 30 anos após a democratização, é uma derrota da sociedade brasileira que o modus operandi no tratamento das trabalhadoras e trabalhadores não tenha mudado desde a ditadura.

Reafirmamos assim a necessidade de responsabilização das empresas (neste último caso a Odebrecht, Fast Engenharia e WDS Construções) por todas as mortes e acidentes de trabalhadoras e trabalhadores, a fim de romper com essa linha de eterna repetição. Mas destacamos que nos casos relacionados às obras da Copa, há cumplicidade da FIFA nestes crimes. Se desejasse, ela poderia ter exigido segurança às trabalhadoras e trabalhadores. Contudo, sua prática de negócios sempre foi conivente com a violação de direitos, nunca indo além de garantir privilégios financeiros para si e seus patrocinadores.

Num ambiente de pouca ou nenhuma preocupação com o direito à segurança das trabalhadoras e trabalhadores, o comportamento da Fifa tende apenas a agravar ainda mais a situação. Vide o que vem ocorrendo em proporções ainda mais dramáticas no Catar, com denúncias de trabalho escravo e dezenas de mortes por jornadas extenuantes de trabalho nas obras relacionadas a Copa de 2022.

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